A maioria dos brasileiros diagnosticados com colesterol alto só procurou atendimento médico após apresentar sintomas de complicações decorrentes do quadro, como falta de ar, náusea e tontura. Este dado é do estudo “Percepções de pacientes que vivem com colesterol elevado” (IPEC), realizado pela organização Global Heart Hub em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida.
Diagnóstico tardio versus diagnóstico precoce
O estudo revela um contraste em relação à forma como as doenças decorrentes do colesterol elevado são diagnosticadas em outros países. No exterior, o diagnóstico precoce é facilitado por exames físicos anuais, enquanto no Brasil, os pacientes costumam procurar ajuda médica apenas quando os sintomas já são evidentes, o que significa um quadro mais avançado e maior risco de eventos cardíacos como infarto e AVC.
Os riscos do colesterol elevado
A cardiologista Ariane Macedo, do Instituto Lado a Lado pela Vida, explica que o colesterol alto não causa sintomas diretamente, mas as doenças decorrentes dele podem causar sintomas graves quando já estão em um estágio avançado. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações como angina, infarto do miocárdio e AVC.
Metodologia do estudo IPEC
A pesquisa IPEC coletou dados qualitativos diretamente dos pacientes, com o objetivo de traçar estratégias futuras para o manejo do colesterol LDL e apoiar a comunidade cardiovascular. Foram realizadas entrevistas individuais de 60 minutos com 50 pacientes no Brasil, Austrália e Estados Unidos, diagnosticados com LDL-C elevado pelo menos dois anos antes do estudo.
Principais descobertas do estudo
Dos participantes, 67% eram mulheres e 33% homens, com idade média de 48 anos. Entre eles, 60% nunca fumaram e 47% tiveram algum evento relacionado à doença cardiovascular aterosclerótica. Apenas metade dos brasileiros estavam cientes da ligação entre colesterol alto e doenças cardíacas e entenderam que o tratamento deve ser contínuo.
Barreiras para o tratamento e mudanças no estilo de vida
O estudo revelou que apenas metade dos brasileiros adotou mudanças no estilo de vida após o diagnóstico de colesterol alto. Entre as barreiras para a adesão ao tratamento estão prioridades conflitantes, falta de sistema de apoio e dificuldades financeiras. A cardiologista Ariane Macedo destaca que, além do uso de medicamentos, mudanças na alimentação, prática de atividade física e controle de peso são fundamentais.
Conclusões do estudo e a importância da educação precoce
O estudo destaca a necessidade de uma educação precoce e abrangente para melhorar a adesão ao tratamento. Neil Johnson, CEO do Global Heart Hub, afirma que a doença aterosclerótica continua crescendo e merece atenção urgente como prioridade de saúde pública. Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, enfatiza a necessidade de uma política pública forte para prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares no Brasil.
Ação necessária para melhorar a saúde cardiovascular
Melhorar a relação médico-paciente, a navegação nos sistemas de saúde e a conscientização sobre a importância do tratamento contínuo são passos essenciais para reduzir os riscos do colesterol elevado. A colaboração entre saúde pública e saúde suplementar pode proporcionar um cuidado mais eficaz e abrangente para os pacientes.